terça-feira, 19 de abril de 2011

Vinhos do Porto


Portinhos a descansar...
E chegou a hora de falar sobre essa instituição, já que o assunto chegou perto. A Região Demarcada do Douro, a cerca de 100 Km a leste do Porto, é a região vitivinícola com a mais antiga delimitação de origem controlada do mundo. Foi delimitada em 1756, pelo Marquês de Pombal, apenas um ano após o terramoto que devastou Lisboa. Os binhos, já importantes  na balança comercial portuguesa à época, receberam isenção de impostos no comércio e exportações e eram monopolizados pela Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, ou Real Companhia Velha.


Mais infos aqui.
Oferecendo vinhos excepcionais e únicos, a região produz excelentes vinhos de mesa, mas a grande referência do Douro continua a ser o Vinho do Porto. O processo de produção consiste na interrupção da fermentação do vinho para a adição de aguardente vínica. Este procedimento lhe confere uma maior doçura, pois o açúcar da uva não se converte completamente em álcool e, claro, um maior teor alcólico. O Vinho do Porto é feito a partir de diversas castas de uva – As vinhas contém um grande número destas castas (10, 20, 30 ou mais).


Vinhas antigas na Quinta das Apegadas (Douro)

O processo reúne características naturais únicas, somente encontradas no Douro, e o comportamento humano local, desenvolvido durante séculos. Eu sou muito suspeito para falar, pois a minha tese de mestrado foi desenvolvida no Douro e fui contagiado por tudo de bom que a região oferece. Poderia falar muito sobre isso aqui, mas como o foco do texto é viagem e vais visitar o Porto, o melhor é que conheças a história em uma visita a uma (ou duas, três...) caves situadas em Vila Nova de Gaia.

Pipa em barco rabelo
Caves em Gaia. São muitas...












Além de apreciares uma belíssima vista do Porto, é uma oportunidade única de ouvir relatos sobre o famoso vinho enquanto percorres os corredores e salas frias em uma visita guiada, envolta em um aroma que esse humilde blog jamais conseguiria narrar, percebes? Não precisa ser amante dos vinhos para isso, esse é um programa obrigatório para entender um pouco melhor a própria história do Porto e de sua gente. Então vamos a isso!

Deixo ao menos uma palinha sobre os Portos e suas categorias:

Ruby - Conserva o aroma frutado e sustenta a cor por muito tempo. Têm uma rápida passagem pelas pipas (barris de carvalho) e devem ser consumidos logo após a abertura da garrafa, pois o contacto com o oxigênio "rouba-lhes" logo as características conservadas. São encontrados os Ruby, Ruby Reserva, LBV (Late Bottled Vintage) e Vintage. O Vintage, principalmente, envelhece muito bem em garrafa e é considerado a "jóia da coroa" dos Vinhos do Porto. Só tem produção reconhecida em anos que reúnem condições excepcionais na produção das uvas. Já os LBV, que são produzidos apenas a partir de uma única e ótima colheita, apresentam algumas características  dos Vintages, mas podem ser usufruídos logo após o engarrafamento, pois não evoluem tanto ao envelhecerem em garrafas.

Tawny – Envelhecido em pipas, os vinhos ficam mais claros (e bem mais caros) na medida em que permanecem mais tempo por lá. Podem ser consumidos assim que engarrafados e conservam-se um pouco mais que os Rubys após a abertura da garrafa. São: Tawny, Tawny Reserva, Tawny com indicação de idade (10, 20, 30 anos...) e Colheita. Um Tawny 30 anos, por exemplo, não permaneceu exatamente este tempo no carvalho. São misturados vinhos de pipas com diferentes envelhecimentos, que reúnem condições que caracterizam os 30 anos. Se ficou alguma dúvida, óptimo!! As guias das caves irão falar muito bem sobre o tema.

Branco – Menos conhecido, existe em diferentes graus de doçura e envelhecimento. Experimente um drink que alguns lugares oferecem, com 1/3 de Porto Branco Seco (Dry White), 2/3 de água tônica, uma rodela de limão e gelo. Bom pra dias quentes :)

Rosé – Menos conhecidos ainda, são geralmente servidos gelados ou com gelo. Devem ser consumidos enquanto jovens.

Degustação de Portos na Quinta De La Rosa (Pinhão - Douro)

Sobre as visitas às caves, que custam cerca de € 5, sugiro 3 opções:


Caves Cálem – Logo no início da Ribeira de Gaia (a mais próxima da Ponte Luiz I), completou 150 anos em 2010 e merece ser vista. Visita bem organizada e prova de um tawny e um branco incluída no módico preço. Aberto todos os dias (Maio – Outubro: 10:00 – 19:00, Novembro - Abril: 10:00 – 18:00). É de lá o "Velhotes", um dos Vinhos do Porto mais populares de Portugal. A partir daí e dependendo da animação, coça o bolso para adquirir um 10, 20, 30 ou 40 anos. Ou um vintage, pra se lembrar da visita ao retornar para casa. A Cálem ganhou o Best of Wine Tourism 2008 - Categoria Wine Tourism Services.


Best of Wine Tourism (2009)
Visual do jardim
Caves Ferreira –  A visita é um pouco mais extensa que na Cálem e cita fatos da vida de D. Antónia Ferreira, a "Ferreirinha", figura mítica do Douro.  nteressantíssima e com guias bem preparados. Ao final, após o jardim, chega-se à inexorável lojinha, onde acontece a degustação. Funciona todos os dias do ano  (10h - 12h30 e 14h – 18h).




Caves Graham's -  Para mudar um pouco o ângulo, vale muito subir às caves da Graham's e de lá admirar o Porto enquanto provas os Portinhos. De propriedade do grupo Symington, a Graham's possui o maior dos estoques de vinhos do Porto - 7.000.000 de litros. Ressalto a impressionante adega de Portos Vintage e o espaço para provas, bonito e aconchegante. Um detalhe interessante da prova é ser feita em um balcão com uma luz branca por baixo dos copos, o que permite confirmar claramente as nuances de cor entre os diferentes tipos de vinhos. Para além das provas, incluídas na visita, o winebar  propõe alguns menus de Portos e um belo leque de possibilidades para provar os vinhos do grupo a copo. Com tudo isso, é bom fazer uma reserva. Podes ir, é garantia de boas lembranças.  O SucaTrips garante :)